Pesquisa da CNI mostra que apesar de reconhecer a relevância da rede para a competitividade, a maioria das empresas sequer discute a instalação da quinta geração de conectividade sem fio
Mais dispositivos conectados ao mesmo tempo, na mesma rede e numa velocidade mais rápida. A tecnologia 5G permite um leque de possibilidades para a Internet das Coisas (IOT) e para o desenvolvimento tecnológico. A quinta geração de internet móvel pode revolucionar os níveis de produtividade na indústria em processo de implementação no Brasil.
Esse potencial é percebido por boa parte do setor produtivo – 61% dos empresários industriais consultados consideram importante ou muito importante o 5G -, mas ainda há desafios para adotar a nova tecnologia dentro das indústrias. É o que mostra a pesquisa Tecnologia 5G no setor industrial, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio do Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI), antigo Instituto FSB Pesquisa.
“A incorporação da tecnologia 5G tem um papel importante no desempenho industrial brasileiro, em especial no contexto de digitalização da produção, que chamamos de Indústria 4.0. Mais agilidade e eficiência nos sistemas de comunicação são traduzidas em ganhos de produtividade e em mais competitividade para a nossa economia”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
A Agência de Notícias das Indústria separou em 5 pontos os principais dados que mostram o cenário e o potencial de implementação dessa tecnologia no Brasil.
1) Uso e planos para usar o 5G
Das empresas consultadas que acham a adoção da tecnologia relevante, 35% responderam que discutem o tema, mas não têm plano formal de implementação; outros 14% já têm um planejamento para aderir, e apenas 8% já instalaram a rede. Já entre todas as empresas ouvidas, apenas 6% têm o 5G instalado na empresa.
Rede 5G: é a infraestrutura de telecomunicações mínima para o uso pela empresa da tecnologia 5G, ou seja, o conjunto de equipamentos (hardwares e softwares) usados para (hardwares e softwares) usados para conectar celulares, máquinas e computadores.
2) Conhecimento sobre 5G
A falta de conhecimento sobre as capacidades da tecnologia 5G é apontada por quase metade dos empresários – 47% têm pouco ou nenhum conhecimento. Para a CNI, esse resultado é uma das razões para a baixa implementação da tecnologia nas organizações. Entre as empresas que não têm conhecimento algum, a pesquisa mostra que 79% não discutem o tema na empresa, e esse percentual cai para 43% entre as empresas que disseram ter conhecimento.
O baixo conhecimento em relação à tecnologia provavelmente também explica a indicação – por 54% dos empresários – da área de vendas como a maior beneficiária pela rede 5G.
3) Menos cabos, mais rapidez e capacidade de conexão
A principal diferença do 4G para o 5G é a velocidade na transferência de informações, chamada de latência. Um aparelho com 4G demora até 54 milissegundos para processar um download de vídeo de 1 Gigabyte, por exemplo. Com o 5G, a expectativa é que este intervalo seja entre 1 e 2 milissegundos para processar até 20 Gigabytes, o que significa uma velocidade até 20 vezes maior para os usuários.
Os maiores benefícios esperados pelos executivos em relação às redes de conexão usadas atualmente são:
abandono do cabeamento, graças a uma rede sem fio com capacidades semelhantes ou superiores (47%);
diminuição da latência na transmissão de dados da rede (36%);
capacidade de conectar mais dispositivos (27%);
aumento da confiabilidade da conexão (26%).
4) Conexão sem fio, monitoramento e redução de custos
Já os principais motivos que levaram ou poderiam levar os empresários a adotarem uma rede 5G são a capacidade de conexão sem fio em alta velocidade (45%), a capacidade de monitoramento do controle de qualidade em todo o processo produtivo (30%) e a redução dos custos gerais (29%).
Segundo a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, uma das ações para o avanço do 5G nos processos produtivos deve ser disseminar o conhecimento sobre a importância das novas capacidades da tecnologia e de sua relação com a digitalização, além da relevância da expansão da rede pública do 5G para uso nas empresas.
“Há uma expectativa em relação ao 5G na indústria porque ele é o passaporte para a aceleração e o avanço da digitalização brasileira”, afirma a especialista da CNI.
“A rede contribui diretamente para a automação e a integração de diferentes tecnologias que incluem inteligência artificial, robótica e internet das coisas. No Brasil, a expansão da rede pública, novos modelos de negócios das operadoras e o aumento do conhecimento empresarial a respeito da nova tecnologia serão fundamentais para adoção da nova rede”, completa Samantha.
5) Barreiras para o uso do 5G
Quando questionados sobre os obstáculos à adoção da tecnologia 5G, 64% dos empresários apontaram a falta de infraestrutura adequada na região das empresas como principal barreira externa.
O alto custo de soluções e equipamentos para as redes privativas, a falta de suporte das operadoras de telecomunicações nos serviços prestados e o alto custo das operadoras para o fornecimento e manutenção do serviço empatam em segundo lugar.
E nas barreiras internas, o alto custo para implementar a tecnologia é apontado como a principal dificuldade.
“Os resultados ressaltam a importância da expansão da rede 5G geograficamente. Se a rede ainda não chegou em determinada região, a empresa tem como alternativa a instalação de rede privativa, mas o custo pode ser elevado porque requer investimento em hardware e conhecimento para administrar”, explica Samantha Cunha.
Os empresários ouvidos durante a pesquisa não pretendem fazer investimentos em redes privativas imediatamente: 20% pretendem investir em um período de 12 a 18 meses e 41% daqui a 18 meses ou mais. Do grupo que já tem um plano de investimento, 48% das empresas levarão mais de um ano para investir, e 40% daqueles que consideram a adoção muito importante ou importante devem investir na rede privativa em um prazo de mais de 18 meses.
Como uma empresa pode ter acesso ao 5G?
A rede 5G pode ser fornecida por uma operadora celular sendo neste caso compartilhada com outros usuários ou pode ser construída pela própria empresa para uso exclusivo dentro do seu endereço. Os três tipos são:
Privativa: independente, administrada pela própria empresa e com recursos para garantir maior confiabilidade, disponibilidade, privacidade e confidencialidade;
Pública: fornecida pelas operadoras públicas, sem controle privado e compartilhada com outros usuários;
Híbrida: controle feito pela operadora pública, mas alguns recursos são dedicados para a empresa, aumentando a qualidade e a segurança dos dados;
Como foi feita a pesquisa sobre 5G nas empresas?
A pesquisa encomendada pela CNI foi realizada pelo Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI), antigo Instituto FSB Pesquisa. Entre 8 e 20 de março de 2023, foram entrevistados por telefone 1.002 executivos que lideram a área de tecnologia das empresas industriais de pequeno, médio e grande portes. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.