Depois de fazer sucesso com a população brasileira, Pix pode ganhar funções ainda melhores neste ano
O Pix é um fenômeno de adoção no Brasil. Em menos de dois anos, a ferramenta desenvolvida pelo Banco Central faz parte do dia a dia da população e agora pode ser desenvolvida para ganhar novas funções em sua trilha para revolucionar os meios de pagamento.
A tendência, segundo um estudo da Capco, consultoria global de gestão de tecnologia dedicada ao setor de serviços financeiros do Grupo Wipro, é que os bancos ofereçam ainda mais opções aos seus clientes envolvendo o Pix. E grandes nomes como Itaú já estudam a possibilidade.
O BC criou o Pix, mas deixa aberto para instituições financeiras, de pagamentos (IPs) e fintechs a possiblidade de criarem serviços sobre ele, diz Alexandre Bueno, gerente sênior da Capco e head do Capco Digital Lab São Paulo. Assim, o executivo listou com exclusividade para a EXAME três tendências principais do setor bancário em relação ao sistema de pagamentos em 2023:
- O lançamento de serviços e produtos como operações offline e conexão com o Open Finance;
- Uma melhoria na experiência do usuário (UX), o que inclui reduzir os passos para fazer um pagamento;
- Novos serviços integrados ao Pix com foco nas pequenas e médias empresas (PMEs).Além disso, todas essas novidades poderão gerar outras, como a integração do Pix com o Real Digital, a moeda digital do BC com previsão de lançamento em 2024, e com empresas como a Google Pay, que acaba de receber autorização para ser uma IP no Brasil, e com plataformas de tokens não fungíveis (NFTs), completa o executivo da Capco.
Alexandre Bueno ainda lembra que o Banco Central tem dito que a implementação de inovações como o Pix, Open Finance e Real Digital seguem etapas interligadas.
Pix Offline
A possibilidade de fazer um Pix sem a necessidade de uma conexão com a internet pode estar mais próxima do que se imagina. No Lift Day, organizado em abril pelo Banco Central e a Fenasbac, um dos projetos apresentados pelo banco Itaú foi o Pix Offline.
ideia seria permitir que os usuários fizessem login no aplicativo de banco e concedesse a autorização para realizar transações sem uso de internet, mas ainda com um sistema de segurança e um valor limite de transações. Com isso, seria possível facilitar o acesso de pessoas com conectividade precária ao sistema.
Pix por aproximação
Segundo o estudo da Capco, o Pix é o meio de pagamento que exige mais passos em comparação com os outros. São sete para transações com QR Code e 8 por chave Pix. Já com o cartão de crédito ou débito, por exemplo, são 4 passos com uso de senha e 3 por aproximação.
“Ter passos a mais é irrelevante quando se transfere dinheiro para um fornecedor, mas é uma barreira grande quando se está na fila de uma loja”, disse Bueno.
“O resultado disso é que muitas vezes o cliente acaba optando por outra solução, tanto que 28% dos entrevistados na nossa pesquisa disseram nunca ter pago por meio de QR Code, mesmo já tendo usado o Pix. “Os bancos estão cientes disso e estão buscando cortar esses passos”, acrescentou.
Pensando nisso, uma outra solução proposta pelo Itaú no último Lift Day foi o Pix NFC. A ferramenta utilizaria QR Codes para tornar os pagamentos com o Pix mais rápidos. Segundo o Itaú, os pagamentos com Pix atualmente levam mais de 45 segundos.
O NFC, sistema de pagamentos por aproximação, poderia reduzir o tempo gasto para pagar com Pix para apenas 7 segundos, segundo o Itaú.
PMEs
“Estamos num momento em que bancos estão criando ferramentas para esse segmento, que muitas vezes é informal. Por isso, o Pix pode ser conectado a plataformas de soluções com suporte na gestão do negócio, com tutoriais de gerenciamento de caixa e de criação de produtos, por exemplo. Precisamos lembrar que muitos desses empreendedores não são empresários. Muitos abriram seus negócios como meta de vida, mas sem se prepararem adequadamente para isso, e há quem empreendeu por falta de opção depois que perdeu o emprego”, disse Bueno, sobre a adoção do Pix por pequenas e médias empresas.
A pesquisa da Capco sobre o Pix mostrou que os entrevistados percebem que o sistema é mais aceito ou incentivado em sites na internet, pequenas lojas de rua, prestadores de serviço formais ou informais e campanhas de doação. Por outro lado, a aceitação é menor em mercados, lojas de rede e em shopping centers.
“O ano de 2023 terá muitas novidades no sistema de pagamentos. O Pix vai continuar concentrando a atenção dos usuários porque seus benefícios são muito visíveis. Mas vamos ter também avanços no Open Banking e nos testes do real digital. Tudo isso somado vai certamente fortalecer o Brasil como um hub de inovação financeira e como um mercado a ser acompanhado por outros países”, concluiu o gerente sênior da Capco.
Fonte: Exame