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Brasil faz parte do clube dos países em estágio avançado de desenvolvimento de moedas digitais

Os Bancos Centrais estão em uma corrida global pela implantação da moeda digital ou CBDC (Central Bank Digital Currency). Esse cenário é mensurado em tempo real pela ferramenta CBDC Tracker, que, para isso, considera 119 países – o equivalente a mais de 95% do PIB (Produto Interno Bruto) do mundo.

Há neste momento 65 países em estágio avançado de desenvolvimento, com mais de 20 já em fase de testes por meio de projeto-piloto, caso do Brasil.

A expectativa para este ano, ainda de acordo com essa ferramenta mantida pela think tank Atlantic Council, é promissora, com 18 Bancos Centrais apresentando progresso significativo em suas moedas digitais, estando entre eles o do Brasil.

A organização destaca no seu site que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que pretende lançar oficialmente a CBDC em 2024. “Além do Open Finance e do Pix, o Brasil está sendo acompanhado globalmente por causa do real digital. Essas inovações fortalecem e modernizam nosso sistema financeiro, trazendo oportunidades para as empresas e competitividade ao mercado, o que beneficia a população com o incentivo à inclusão financeira e oferece ao cliente número maior de produtos e serviços”, diz Thamilla Talarico, sócia-líder de blockchain e ativos digitais da EY Brasil.

Veja abaixo outros destaques da Atlantic Council.

1) Japão

Depois de concluir sua prova de conceito, o Banco Central do Japão iniciou um projeto-piloto em abril para testar a viabilidade técnica do iene digital. O país também vai criar um fórum CBDC, convidando empresas envolvidas em pagamentos de varejo ou tecnologias relacionadas para participar da discussão. Com base nesses resultados, o BC japonês decidirá se lançará sua CBDC até 2026.

2) Reino Unido

Em fevereiro deste ano, o Banco da Inglaterra e o HM Treasury, departamento do governo responsável pelas finanças públicas e pela política econômica, divulgaram um documento analisando a libra esterlina digital. A conclusão foi que é muito cedo para decidir por sua implantação, mas que a discussão sobre sua viabilidade deve ser iniciada.

3) Estados Unidos

A subsecretária do Tesouro dos EUA para Finanças Domésticas, Nellie Liang, anunciou grupo de trabalho com a presença de várias agências governamentais para avaliar a criação da CBDC. O grupo terá representantes do Departamento do Tesouro, do Federal Reserve (Fed), do Conselho de Segurança Nacional e de outras agências.

4) Turquia

Esse é um dos casos mais avançados do mundo. Em dezembro do ano passado, o Banco Central da República da Turquia anunciou que executou com sucesso suas primeiras transações de pagamento com a lira turca digital. O país pretende lançar sua CBDC ainda neste ano.

5) China

Pioneira e mais avançada na implantação da CBDC, a China, em janeiro deste ano, incluiu a e-CNY (sua moeda digital) no seu cálculo de circulação de moeda. O e-CNY representava naquele momento 0,13% das reservas do país mantidas pelo BC chinês.

6) Índia

Ainda neste ano, a maior cadeia de varejo da Índia começará a aceitar pagamentos em rúpia digital nas suas lojas durante o projeto-piloto, que já está em andamento. O país começou a testar uma funcionalidade offline para sua moeda digital, movimentação muito bem vista pelo mercado como forma de promover a inclusão financeira, já que não há necessidade de acesso à internet para fazer parte dessa inovação.

Moeda digital também disponível offline

Quase metade dos Bancos Centrais – o equivalente a 49% – considera que os pagamentos offline com CBDC de varejo são imprescindíveis para o sucesso da moeda digital, enquanto outros 49% veem como uma vantagem, de acordo com pesquisa conduzida pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). O objetivo dessa instituição é dar suporte para os BCs do mundo inteiro na busca pela estabilidade financeira e monetária por meio da cooperação internacional.

A proposta das CBDCs de varejo é possibilitar à população seu uso direto para compra de produtos e serviços. Não é esse o modelo escolhido pelo Brasil, que optou pelo Pix para esse propósito. Por aqui, a CBDC será controlada pelas instituições financeiras e pelo BC, com acesso indireto por parte dos cidadãos. A transferência de valores entre dispositivos no pagamento offline ocorre sem a exigência de conexão, o que permite sua utilização em qualquer lugar, ainda que seja remoto e sem acesso à internet.

Essa consideração sobre a disponibilidade offline faz parte do Projeto Polaris, lançado recentemente pelo BIS para demonstrar aos BCs como criar sistemas de CBDC seguros e resilientes, além de boas práticas de funcionalidades de pagamento online e offline. Para o estudo, a implantação da CBDC no ambiente offline é complexa, envolvendo uma série de tecnologias e considerações operacionais e de segurança, que precisam ser contempladas desde os primeiros estágios de implantação da moeda digital.

Fonte: TI Inside.